12/07/2023

O Timecode

   Podemos conceituar o Timecode como um metadado de registro de tempo. Desenvolvido pela Society of Motion Picture and Television Engineers no final dos anos 60, o timecode SMPTE é essencialmente uma série de códigos numéricos que podem fornecer a sistemas integrados e seus usuários humanos uma referência posicional confiável e precisa. Ele consegue isso indexando cada quadro de vídeo com um código ou endereço exclusivo, conforme o diagrama abaixo:

 O número do quadro corresponde a cada imagem estática individual usada para criar uma imagem em movimento. Por exemplo, em filmes de cinema tradicionais, você realmente vê 24 imagens estáticas a cada segundo que mudam diante de seus olhos tão rápido que seu cérebro não pode mais processá-las individualmente, dando a ilusão de movimento suave. Você diria, portanto, que o filme tem uma taxa de quadros de 24 quadros por segundo (abreviado para fps). À medida que cada quadro de vídeo decorre, o código muda para a próxima posição de Timecode disponível. Ao usar 24 fps, a parte do código que corresponde aos segundos aumentaria entre o quadro :23 e :00. A sincronização básica é obtida certificando-se de que o vídeo e o áudio que o acompanha tenham o mesmo código incorporado em execução ao mesmo tempo durante a gravação e a reprodução. Um dispositivo atuaria como um 'master' e geraria o timecode durante a gravação e o(s) outro(s) dispositivo(s) 'Slave' gravariam o timecode gerado ao mesmo tempo. Então, quando você quiser sincronizar seu áudio e vídeo, basta configurar corretamente o frame rate (razão de frames) com a qual se vai trabalhar. 

 Mas como um engenheiro de som conseguia automatizar uma mixagem nos anos de 1970 e sem vídeo? Provavelmente é um bom momento para falarmos sobre as diferentes maneiras pelas quais as informações do Timecode são transmitidas entre os sistemas. Ter uma leitura visual útil do tempo é ótimo para nós, humanos, mas ao trabalharmos com sistemas que usam mídias totalmente analógicas, como fita magnética, como poderíamos armazenar essas informações e reproduzi-las em uníssono com seu áudio? É aí que entra em ação o Linear Timecode* ou LTC . (* às vezes referido como 'Timecode longitudinal').

Timecode LTC

  LTC é uma codificação de dados de timecode SMPTE em um sinal de áudio. Isso é obtido usando um sistema inteligente chamado 'código de marca bifásica', que traduz as alterações na fase de áudio em Zeros e Uns binários que um computador pode ler e vice-versa. Nos dias que precederam à edição MIDI com precisão de amostra, uma referência posicional baseada em LTC fornecia uma ferramenta robusta, confiável e repetível para os profissionais de áudio operarem. As melhores mesas de mixagem, como a série SSL E, tinham um computador de bordo que podia ler o LTC da fita enquanto ela tocava, fornecendo assim ao engenheiro um meio de definir com precisão as posições dos marcadores de Timecode. Essas posições de Timecode podem indicar o início ou o fim de um verso, um refrão ou até mesmo a música inteira, economizando muito tempo e adivinhação ao rebobinar ou avançar uma fita! Frequentemente, um dos primeiros trabalhos do assistente de estúdio, ou operador de fita era pré-gravar o LTC na faixa final da fita de 2 polegadas (Nessas fitas de 2 polegadas podíamos gravar até 24 canais ou faixas de áudio), comumente referida como 'striping the tape' em preparação para a sessão de gravação do dia. A última faixa ou borda era usada para minimizar o vazamento que geralmente ocorria entre as faixas ao usar fita, com o argumento de que seus elementos musicais mais importantes geralmente não seriam afetados tendo sido gravados nas faixas 1 a 22. Antes do advento do timecode, o processo de sincronização era muito mais arcaico e trabalhoso, com sistemas como o ESG (Electronic Sync Guide) sendo usados na pós-produção.

   O LTC ainda é usado até hoje para transmitir dados de Timecode, mas não é infalível. Ele requer algum pre-roll antes de começar a funcionar e só pode ser lido se a fita ou o áudio estiver realmente rodando em alta velocidade. Para profissionais de vídeo que geralmente trabalham lentamente, alternando entre um quadro por vez, o LTC sozinho não fornece todas as respostas, aliás o LTC aqui não se aplica mais; portanto, outras soluções de Timecode, como VITC e BITC, costumam ser usadas em combinação. De qualquer forma o Timecode LTC ainda é usado em alguns softwares de edição de áudio e criação de música. 

Timecode VITC

   VITC, que significa 'Vertical Interval Timecode', é um padrão SMPTE para armazenar dados de timecode no 'intervalo de apagamento vertical' (espaço vazio) entre dois quadros de vídeo. Isso é útil, pois pode ser lido com segurança quando a fita ou o vídeo está se movendo muito lentamente ou até mesmo parado.

O VITC, no entanto, é ilegível quando uma fita está rebobinando ou avançando rapidamente, de modo que o equipamento de vídeo profissional alternaria de forma inteligente entre a leitura de LTC e VITC incorporados, dependendo da velocidade com que a fita está se movendo. Estamos falando aqui do universo da fita, mas no universo do vídeo digital, o Timecode vem registrado frame a frame.

Timecode BITC

   BITC significa 'Burned In Timecode' e é a forma legível por humanos do padrão SMPTE. Uma sobreposição é inserida ou gravada na imagem de vídeo original com as informações de timecode presentes para cada quadro. O BITC tornou-se incrivelmente útil, pois permitia que a edição offline ocorresse usando equipamentos e formatos não broadcast muito mais baratos, como fita VHS. Um editor precisaria apenas anotar os locais de timecode presentes na tela para o início e o fim de cada corte em um pedaço de papel.

Esta lista de edição feita manualmente ou EDL (Edit Decision List) seria então usada para montar o produto acabado nos VTRs mais caros, economizando muito tempo e dinheiro. Na verdade estamos falando do timecode inserido na tela. Na maioria dos VTRs (Video Tape Recorders) profissionais tínhamos uma saída de vídeo específica para monitoração, onde o timecode vinha estampado na parte inferior da imagem, o que facilitava sobremaneira os processos de edição tradicional maquina a maquina.  

Veja também: 

O Frame Rate 

Entendendo o Drop-Frame e Non-Drop-Frame 

Sincronizando o Timecode

 ***Este texto foi traduzido e editado a partir da publicação de Peter Barter - Protools Expert, no site Production Expert.com

06/07/2023

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